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Durante o 35º Simpósio da Sociedade Internacional de Pesquisadores em Canabinoides (ICRS 2024), realizado em julho, um estudo brasileiro se destacou por demonstrar os efeitos positivos do canabidiol (CBD) em adultos diagnosticados com a Síndrome da Deficiência de Transportador de Riboflavina (RTD) — uma condição genética rara, grave e neurodegenerativa.

A pesquisa, liderada pela Dra. Micheline Donato (especialista em farmacologia clínica e medicina canabinoide), foi conduzida com apoio da Universidade de São Paulo (USP) e da Associação Brasileira de Pacientes de Doenças Raras. O estudo avaliou pacientes que não haviam apresentado melhora com os tratamentos convencionais e que, após o uso do CBD como terapia adjuvante, demonstraram evolução clínica significativa.

O que é a RTD?

A Síndrome da Deficiência de Transportador de Riboflavina é causada por mutações nos genes SLC52A2 e SLC52A3, responsáveis pelo transporte de riboflavina (vitamina B2) no organismo. A falta dessa substância essencial prejudica funções neurológicas, podendo levar à perda de força muscular, disfunções motoras, dificuldades respiratórias, entre outras complicações graves. O tratamento padrão inclui a reposição de altas doses de riboflavina — porém, muitos pacientes continuam apresentando progressão da doença.

O papel do CBD na melhora dos sintomas

O estudo brasileiro indicou que o uso do canabidiol (CBD) contribuiu para a melhora em:
• Força muscular e controle motor
• Coordenação motora
• Fadiga neuromuscular
• Autonomia em atividades cotidianas
• Qualidade de vida geral

Os pesquisadores destacaram que o CBD atuou como um modulador neurológico importante, com poucos efeitos adversos e excelente tolerabilidade. A melhora foi observada em pacientes adultos, o que abre espaço para estudos mais amplos, incluindo populações pediátricas e adolescentes com a mesma condição.

Avanço para a medicina canabinoide no Brasil

Esse é um marco importante na consolidação da medicina canabinoide como área científica respeitada no Brasil. O estudo apresentado no ICRS 2024 evidencia que o uso do CBD pode ir além do manejo de dor crônica e epilepsia refratária, alcançando síndromes genéticas raras e complexas.

A pesquisa segue em andamento e deve servir como base para futuras diretrizes clínicas sobre o uso terapêutico do CBD em doenças neurodegenerativas e raras.

Fontes:
Donato, M. et al. “Use of Cannabidiol in Adult Patients with Riboflavin Transporter Deficiency (RTD): a case series.” ICRS Annual Symposium 2024.
Artigo original: https://informacann.com.br/2025/07/09/cbd-melhora-sindrome-rara/